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domingo, 12 de dezembro de 2010

2010: Cabo Verde - A Felicidade também mora por aqui - Testemunho real 1: Dois meses em Cabo Verde

De seguida encontra-se um testemunho real de uma professora, agora em Cabo Verde,  como contribuição para a iniciativa solidária para Cabo Verde em curso na ESPAV
Só vos posso dizer que o tempo VOA! Já faz hoje dois meses que aterrei na Ilha de Santiago, em Cabo Verde!
Dois meses que trouxeram, em cada dia, a novidade do encontro com uma realidade geográfica, climatérica, humana e cristã, bem diferente da que eu sempre vivi…
Dois meses de aprendizagens
Somos um todo e, por isso, os meus CINCO SENTIDOS têm vivido em constante processo de adaptação, vejamos:
·         A visão – foi o primeiro sentido a precisar de se adaptar…logo na noite em que cheguei, logo que vi, pela primeira vez, a “cidade” da Calheta de S. Miguel; logo que vislumbrei as inúmeras casas inacabadas, a ausência de tinta e de cor, a sujidade que as envolve; os animais que as rodeiam (porcos de quase todas as cores… muitos porcos, em todos os lados…); as pessoas que permanecem sentadas e deitadas nos umbrais das portas, nas janelas, nos muros ou nas beiras das estradas, completamente inactivas, durante todo o dia; crianças, muitas crianças…em todo o lado, bem vestidas, vestidas, nuas… e/ou simplesmente entregues a elas próprias… as meninas, que não brincam com bonecas porque até aos doze, treze anos, cuidam dos irmãos mais pequenos e, depois dessa idade, têm um filho nos braços para cuidar (???); os rostos, os olhos, as mãos e os pés, tão expressivos, de algumas pessoas que connosco se cruzam e trazem em si a história e a cultura deste povo… as paisagens magníficas, ainda verdes, que nos enchem a alma de júbilo e o olhar de alegria…
·         A audição – acabou o silêncio! Aqui, desde madrugada, os galos cantam (e são muitos), os pássaros chilreiam, os burros zurram, ouvem-se os porcos… os mosquitos…, as moscas…, os grilos…, as pessoas que falam, choram os mortos ou cantam; são raros os momentos de silêncio… quase sempre há barulho e, muitas vezes, durante a celebração da Eucaristia, no exterior da capela ou através dos buracos do telhado, toda a criação se une em acção de graças… e, cada um, louva o Criador como consegue!
·         O olfacto – depende do local, da hora do dia, da temperatura, da companhia, da existência de água ou da ausência da mesma, aquilo a que estamos sujeitos… e varia entre tolerável, impossível e…completamente impossível!!!
·         O gosto – Cá em casa, graças a Deus, “é cinco estrelas”…parece-me que escolhi o melhor local desta “cidade” para viver! Mas aí pelos arredores nem queiram saber…tendo em conta o aspecto da comida que se vê a vender à beira da estrada, só de imaginar…!
·         O tacto – tantas sensações novas… tantas coisas a que é preciso “deitar a mão” e aprender a acolher e a conhecer…
Hei-de explicar-vos algumas destas coisas que hoje talvez sejam um pouco incompreensíveis…
Hoje, só quero acrescentar, que cada um dos meus sentidos vive em acção de graças, por aquilo que me é dado viver aqui, pela família e pelos amigos que nos acompanham, e pela oração de toda a Igreja que nos sustenta e mantém nos momentos mais exigentes e nos mais fáceis…

O texto foi escrito ontem, dia 10/12, mas a internet não colaborou e, por isso, só agora é que fica disponível.

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